sexta-feira, 18 de junho de 2010

Anseio/Ensaio tardio

Não pertenço a nada disso
Não faço parte de nada disso
Não sou nada disso

Eu apenas fui

Tudo aquilo que surgiria
Tudo aquilo que presumia
Tudo aquilo não havia

O dito
O não dito
O bendito
O maldito
O interdito

Nada daquilo
Tudo isso
O veredicto

Fui tudo aquilo que não houve
Não sou nada disso

E pelo infinito restante
O tempo corre explanando:
Você é o que não há

(Alan Robert e Ana Paula Ruiz)


PS.: Muito obrigado, Ana.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

VIDE O VERSO (ou "Parceria")

O que não sinto, prosa.
O que não penso, verso.
O que construo, prosa.
O que abstraio, verso.
O que categorizo, prosa.
O que fragmento, verso.
O que planejo, prosa.
O que devaneio, verso.
O que aceito, prosa.
O que é conflito, verso.
O que durmo, prosa.
O que descanso, verso.
Onde piso, prosa.
Quando vôo, verso.
O que escrevo, prosa.
O que escrevo, verso.
O que leio, prosa.
O que leio, verso.

Eu, prosa.
Ela, verso.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

CÍRCULO III

Esqueço do mundo
Escuto apenas o silêncio
Esqueço da morte
Lembro apenas do silêncio
Cego, profundo, largo
Vazio, imenso
Me largo de tudo
Me agarro apenas no silêncio
Me esqueço da vida
Me acudo no silêncio
Cego, profundo, largo
Vazio, imenso
Me esqueço da vida
Me agarro apenas no silêncio

15 de Junho de 1993

sexta-feira, 4 de junho de 2010

FUMAÇA



Meço minha paz por meus cigarros.
Se a brasa iluminar cerca de cinco centímetros ao redor
E se, do cinzeiro, eu conseguir ouvir o papel queimando
E se, às três da madrugada, ainda houver no maço o suficiente para chegar a manhã.
Aí sim. Estou em paz.