domingo, 10 de julho de 2011

POEIRA II

Reminiscências de minha alma
Que forçosamente encontra raízes no chão rachado
Como é também rachado
O asfalto mal-cuidado da cidade onde vivo
Como também é rachado
O concreto mal-engendrado do prédio onde moro
Como estão também rachados
Os azulejos das paredes onde me abrigo

Uma crosta de poeira seca que vem do vento
Que seca e fere o interior de minhas narinas
Como a nuvem de poeira que não se dissipa
Na poluição da inversão térmica
Onde sequer há vento
Quando insisto em empurrar para dentro de mim
Ainda mais de fumaça seca de cigarros

Reminiscências de minha alma
Que me forçam olhar em volta e não ver mais nada
Apesar de todos os barulhos, cheiros e olhos que me cercam

Não, não chega a ser deserto
É tão somente sertão

(2004)

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