terça-feira, 11 de dezembro de 2012

CALOR


I – Calor (ou “Empatia”)

            Há os que pregam que coincidências ou paridades são coisas que se constroem e/ou buscam. Eu também penso assim. E não nego ter buscado em alguém tão díspar tais analogias.
            Há ainda os que alardeiam que vemos no outro o que ansiamos ou tememos ver em nós mesmos, como uma espécie de espelho reverso, escolhendo assim amizades e desafetos. Reconheço e admito também isso. Só não saberia mesurar até que ponto fiz isso conscientemente ou em quais pontos ultrapassei limites de bom senso e, em verdade, não trago a mínima pretensão de me escusar por tais disparates.
            E não me surpreenderia se, em algum momento, eu fosse rechaçado.

II – 26° (ou “Encantamento”)

            Uma das razões que move o ímpeto humano é justamente a sua íngreme inclinação por desejar aquilo que lhe é vedado, mas tendo estabelecido esse parâmetro ele pode ser evitado e/ou subvertido. Então aprende-se não a desejar, mas a apreciar sem a necessidade do ter. Talvez ainda reste um quê indefinível entre algum ressentimento, frustração e impotência, mas – superados esses sentimentos menores – resta o alívio pela humanidade e pelo fato de se pertencer a ela em tempo hábil para a apreciação em seu maior esplendor, como um belo quadro ou uma bela foto ou escultura, ou um bom livro em tempo ainda de conhecer seu autor.
            Saber não poder ter tudo é um dos benefícios da maturidade dos mais caros.


08.04.2008

domingo, 2 de dezembro de 2012

MNEMOSINE E LETHE

[das lembranças que nunca foram]

Eu me lembro de quando você não disse que teríamos algo em comum, e aquilo me iluminou.

Me lembro também de quando você não disse que não teríamos mais nada, e aquilo me deixou realmente mal.

Mas me lembro perfeitamente de tudo o que você disse entre os dois momentos. E isso tudo me confunde e me dói e ecoará para sempre, pois a sua voz ainda é das poucas que eu sei diferenciar ao ouvir em meio a tantas outras.