sábado, 24 de agosto de 2013

MAR E NADA

Observo o mar como quem observa um nada,
Um nada pleno, cheio de água salgada,
Um nada completo,
Um nada com consciência
do seu sentido nada de ser.

Nada, criança,
Nada no mar que é nada;
Nada em tua filosofia, que é nada;
Nada com teu pudor que é nada,
nada sendo despudorada, nada,
Transforma tua pele em dourada,
tua pele clara;
Nada calma como as águas
Da Baía da Guanabara.
Nada no mar que é nada.

O mar na plenitude de seu nada
Sendo um tudo n'um dia de sol,
O céu azul, o feriado_
Na mente
Nada.

12/10/1993

domingo, 4 de agosto de 2013

DA LEVEZA




“Cada um sabe a dor e a delícia 
De ser o que é”
(Caetano Veloso – Dom de Iludir)

É o que se levanta e corre.
Que dança e voa.
Graceja e ri.

É o que se insinua e disfarça.
Que esconde e despista.
Desvanece e vai.

É o que se descobre e se renova.
Que aceita e encara.
Torna-se e é.

Que está à frente,
Ao lado,
Em cima,
Embaixo.
Mas nunca estará ao alcance. 



modelo da foto: Marcella Gonçalves