quarta-feira, 23 de julho de 2014

[Das fugas]




Desculpe, poeta, mas não te acompanharei quando fores desfrutar dos privilégios duvidosos de ser amigo do rei.
Continuarei aqui, sendo povo e sendo, do povo, amigo, lutando por iguais tratamentos a quem quer que seja, amigo do rei ou seu detrator.

Desculpe, poeta, mas não quero, de mão única, escolher uma mulher e uma cama, mas quero também ser por ela escolhido e juntos escolhermos nosso leito.

Veja, poeta, os métodos contraceptivos seguros já existem por aqui, assim como os telefones que, mais que meramente automáticos, ficaram inteligentes (ora, mas veja que avanço!) e as prostitutas, belas ou não, estão também lutando por seus direitos. Alcaloides à vontade? Tem sim senhor! Mas ainda é verdade: só para os amigos do rei.

Desculpe, poeta, eu entendo a sua tristeza, mas caso eu me entediasse ou me entristecesse aí estando, eu de novo fugiria? Ou perderia o sentido e terminaria tudo?
Talvez , para minha miséria, eu já tenha aceitado as tristezas como parte indissociável da vida e não almeje mais ilusões de felicidade, embora ainda corra em busca de paz. E a paz, não a quero só para mim, poeta.

Ser amigo do rei pode ser bom, poeta, mas eu não posso mais jurar fidelidade a uma única Bandeira.